terça-feira, 23 de outubro de 2012

6º Capítulo - "Férias de Verão"

O dia amanheceu muito rápido para mim, não consegui esquecer o beijo de ontem, Clarice também acordou e perguntou:
–Bom dia! Dia lindo né?
–Nem tanto.
–Ué você acorda e vê uma vista maravilhosa. Isso não é bom demais?
–É sim. Pior que foi tudo de bom mesmo.
–Foi??? Ô garota do que é que você tá falando?
–Queria que não estivesse tão bom assim.
–Pera aí o que foi que aconteceu?
–O que?
–Você ai toda amargurada.
–Nada, não aconteceu nada.
            Clarice não acreditou no que eu falei por isso passou perto da escrivaninha e derrubou o perfume que eu mais gostava e falou:
–Opsi, foi mal.
–O que?
–Eu derrubei o seu perfume predileto.
–Ahh... Chama o serviço de quarto que eles limpam.
–Como é que é?
–Ô minha filha eles são pagos pra isso.
–E o...
–Olha eu vou tomar banho e depois vou passear um pouco, tá?
–Tá, até porque nada tá normal hoje.
            Clarice ficou toda pasma pelo o que tinha acabado de acontecer, e para acabar com tudo eu comecei a cantarolar e ela não parava de me observar.
            Depois que entrei no banheiro demorei uma eternidade pra sair, coisa que era muito rara de acontecer, mas na verdade nesse tempo todo eu fiquei olhando para o espelho pensando em tudo que havia acontecido, mas tentei esquecer e só lembrar do que me esperava lá fora.
            Quando sai do banho Clarice olhou pra mim com uma cara de espanto e diz:
–Você demorou bastante, não acha não?
–Foi? Eu tava tão distraída que não percebi.
–É, eu também percebi que você tava distraída, até derramei seu perfume favorito e você nem ligou.
–O que? Meu perfume? O que foi que você fez!?
–É pelo visto o efeito do remédio passou.
–Remédio. Que remédio? Eu não tomei nenhum. Tomei?
–Claro que não. –Clarice falou com ironia  -Mas o seu remédio não tem bula e se chama Amor... Ou melhor: Mauro.
            Eu não gostei do que tinha ouvido e não estava afim de discutir com ela então sai batendo a porta e nem me despedi.
            De repente me encontrei com a cobra da Lili e, eu já sabia que ela iria soltar alguma piada sem graça, então ela começou:
–Oi amiguinha do Mauro. –disse Lili com uma voz de ironia e provavelmente lembrando do que havia acontecido no dia anterior.
–Olha garota não vem soltar essas piadas sem graças não que eu já perdi minha paciência de hoje. Só em pensar que vou ter que te ver todos os dias chega dá nojo.
            E quanto mais eu falava ela soltava graça e a minha paciência cada vez mais diminuía  Comecei a sentir uma raiva começando a crescer dentro de mim e quando me dei conta já tinha avançado na Lili.
            Depois de alguns minutos chega Ricardo e Mauro e nos separa. Ricardo sem entender pergunta:
–Por que toda essa briga garotas?
–Essa cobra ai que perdeu a noção do perigo e veio soltar graça. –Respondi com muita, mais muita raiva.
–Não eu não tenho culpa. –Disse Lili tentando se defender.
–Não tem culpa. Tá bom eu bem não te conheço. Hum. –Disse Mauro.
–É né pela primeira vez você falou alguma coisa que preste. –Falei.
–Tá, mas vamos sair daqui por que todo mundo tá olhando pra gente. –Falou Mauro com um tom mais baixo que o normal.
            Sai com Ricardo e Mauro foi com Lili para a direção contraria levando-a para seu quarto. Eu e Ricardo viramos à direita e chegamos no jardim, ficamos andando e ninguém falava nada quando Ricardo começa:
–Por que aquela briga toda? Por que todo esse silêncio seu?
–Você quer mesmo que eu te conte? –Respondi com outra pergunta e abaixei a cabeça.
–Sim, sim. Você sabe que apesar de ser ‘garoto’ sou seu amigo pode dividir essas coisas comigo.
–Tá bom. É que... Faz alguns dias que eu e Clarice notamos que...
–Que o que?
–Que... Na verdade foi só Clarice. Ela falou que eu amo o Mauro, que eu amo não, que eu também sou apaixonada por ele.
–Sei. E isso te deixou confusa, não foi? –Nesse momento eu não falei nada, apenas balancei a cabeça concordando. Ele olhou para mim e me abraçou, neste momento senti uma lágrima rolar meu rosto.
–Isso me deixa confusa e dói, dói muito.
–É, dá pra imaginar.
–Mas eu não quero mais ficar aqui.
Tá bom, vou te levar pro seu quarto.
            Chegando no corredor, já em frente a porta do quarto ele disse:
–Está entregue. –Ele abriu a porta, deu um beijo em minha testa e soltou um beijo pra Clarice, que estava sentada em uma das cama, e ela retribui. E ele se despede voltando pro jardim.

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