30º
Capítulo – Narrado por Lua Blanco
Eu só estava com dois meses de gravidez, mas
podia sentir aquele serzinho crescendo dentro de mim. Era uma sensação tão
boa... Aquela sensação, de novo era maravilhoso o suficiente pra me fazer
flutuar, mas agora eu também sentia enjoos com mais frequência...
Tinha acabado de chegar do hospital, estava no
meu quarto, perdida em meus pensamentos e Arthur entra.
– Como cê tá? – Perguntou dando-me um beijo.
– Bem melhor. – Respondi.
– Ainda bem... – Sorriu. – Esse garotão aí... –
Apontou para minha barriga. – Ama nos dar susto.
– Pois é... Mas o médico falou que não é nada de
mais. Sabemos que isso acontece. Pera aí! – Eu mesmo me interrompi. – Garotão?
Como você pode ter tanta certeza que é um menino? – Falei.
– Não sei. – Deu de ombros. – É que eu quero que
seja. – Deu um sorriso bobo. – Só assim vou ter um companheiro pra jogar bola
comigo e torcer pelo flamengo.
– Bobo! – Sorri e ele me deu um beijo. – Thur,
senta aqui. – Pedi, apontando para o outro lado da cama.
– Que foi? Cê tá com a cara preocupada. O médico te
falou alguma coisa que eu não sei?
– Não. Não é nada com o bebê. É com outra criança!
– A Emme?
– Não, Thur. A Emme não é mais uma criança. – Falei
rindo. – Tô falando da Clarinha.
– Ela ainda tá muito doente?
– Não, muito pelo contrário. Até que o tratamento
as alergias tá tendo bom resultado, mas o problema é Rose.
– A mãe dela, certo? – Arthur começou a entender a
história.
– É... Ela tá com um problema sério. Ninguém
consegue descobrir o que é e as vezes ela chega a precisar de aparelhos para
respirar. Ela teve que passar um tempo internada e a Clarinha teve que ir para
casa da vó, que mora no interior de São Paulo, mas Rose não se dá bem com a mãe, no caso, avó da
Clarinha e lá não tem o tratamento dela.
– Que complicação.
– Pois é... Não sei o que vai ser da Clarinha se...
– Se nada. – Arthur me interrompeu. – Nada de
pensar negativo. Vamos ver o que vai acontecer.
– Tá bom, mas eu quero visitá-la no hospital. Quero
ver como ela está.
– O médico mandou que você ficasse em repouso, mas
acho que dá pra ir. Vou avisar a Emme para que ela se arrume.
– Tá bom. Eu vou me ajeitar e aí nos vamos. –
Falei.
– Tá. Cuidado! Vai devagar.
– Pode deixar.
– Te amo! – Arthur falou saindo do quarto.
– Também te amo! – Gritei, indo em direção ao
banheiro.
Vinte minutos depois...
– Tô pronta. – Emme chegou na sala.
– Até que enfim, né!? – Falei, levantando do sofá.
– Então vamos. – Arthur abriu a porta e nos saímos.
Mais vinte minutos e nós chegamos ao hospital.
Um médico nos mostrou o quarto onde Rose estava.
– Thur, posso conversar a sós com Rose? –
perguntei, antes de entrar no quarto.
– Pode sim. Eu aproveito e vou lanchar com a Emme.
– Então tá. Beijo. Te amo.
– Também, coisa linda! Se cuida. – Falou saindo.
– Pode deixar. – Falei rindo e entrei no quarto.
– Oi Rose, como você está? – Falei me aproximando
da cama.
– Tô indo... Levando a vida do jeito que dá. Só to
preocupada com a Clarinha. Ela tá lá no interior de SP, sem tratamento... Sem
mim. – Falou e as lágrimas logo surgiram em seus olhos.
– É sobre isso que vim falar. Como a Clarinha vai
ficar?
– Eu não sei. – Fez uma pausa abaixando o olhar. –
Lua... – Retomou a falar. – Posso ser
sincera? – Perguntou e eu assenti. – Eu tô prestes a morrer. Essa é a verdade.
E não sei o que vai ser da Clarinha sem mim. – As lágrimas começaram a rolar,
sem controle. – Lua, se eu morrer você dá um jeitinho de olhar a Clarinha e
cuidar do tratamento dela? – Perguntou com a voz abafada.
– Cuido sim. Vou fazer o possível e o impossível.
– Jura? – Segurou a minha mão.
– Juro sim. Vou fazer de tudo para que ela viva
bem. – Falei em meio as lagrimas que teimavam cair. E percebi que era verdade.
Rose estava prestes a morrer.
– Muito obrigada, Luinha. Você é um anjo! – Segurou
minha mão. – Agora eu posso ir em paz.
– Não fala isso! – Supliquei, sabendo que era o que
aconteceria.
– Avisa a minha Clarinha, que eu a amo muito.
– Pode deixar. – Falei aos prantos e ela soltou
minha mão fechando os olhos e percebi que os aparelhos ao seu lado, começaram a
apitar. Um barulho terrível, que anunciava uma trágica notícia a notícia que
mudaria vidas. A verdade era que Rose não estava mais entre nós!
Nessa hora, alguns médicos entraram na sala
para tentar reanima-lá, mas já era tarde e a única coisa que me restava era
cumprir o prometido. Era realizar o pedido de Rose, era fazer o que meu coração
mandava. Liguei para Arthur.
Início da Ligação
– Thur, onde cê tá? – Perguntei aos prantos, com
voz rouca.
– Na cantina do hospital. Por quê? – Perguntou. – Ô
Lua, cê tá chorando?!
– É que... – Pausa. – A Rose... Rose acabou de
falecer. – Falei e as lágrimas rolavam. – Vem pra cá. – Pedi.
– Tô indo. – Falou com a voz apreçada.
Fim da Ligação
Com dois minutos, Arthur chegou ao quarto.
– Thur, temos que pegar a Clarinha. – Falei
abraçando-o.
– Tá, mas onde ela tá? – Perguntou ofegante.
– Na casa da vó, no interior de SP. Vou ligar para
ela e avisar sobre o ocorrido com a Rose e avisar que eu vou ficar com a guarda
da Clara.
– Com a guarda da Cla... Clara? – Ele quase se
entalou.
– Claro, Thur. Ela não pode ficar sem tratamento.
Lá não tem ninguém que cuide dela melhor que nos. – Tentei explicar. – Eu
conheço aquela criaturinha, desde o dia que abriu os olhos. Não custa nada
tentar.
– Se você diz, eu não vou me intrometer.
– Sabia que você entenderia. – Dei-lhe um beijo. –
Vamos para lá amanhã. – Falei. – Hoje eu organizo tudo por aqui e lá em casa,
preparo todo a papelada e vamos pega-lá amanhã.
– Como quiser. Se você diz que tá pronta e que vai
dar, eu apoio.
– Te amo! – Dei-lhe um selinho rápido. – Vou ligar
para lá agora.
Fui até um lugar sossegado e liguei para a mãe
de Rose.
Início da Ligação
– Alô? Dona Rosa está?
– Alô! Tá sim. – Uma voz infantil atendeu o
telefone eu percebi que era clarinha. – Com que falo? – Perguntou, parecendo
gente grande.
– Com a tia Lua, Clarinha.
– Oi Tia Lua! A senhora falou com minha mãe?! –
Perguntei e eu travei, não sabia o que responder.
– Falei. – Respondi gaguejando e rezando para que
ela não fizesse mais perguntas, mas ela fez.
– Ela tá melhor? Quando ela vem me pegar? Quero
voltar pra casa. – Falou com uma voz dengosa.
– Talvez eu vá ai amanhã. – Não respondi sua
pergunta com exatidão, falei com a voz mais baixa que o normal e percebi que
uma voz velha e ranzinza gritou do outro lado “Me dá esse telefone, menina!” E
ela obedeceu.
– Quem é?! – A velha perguntou.
– Lua, uma amiga de Rose.
– Ah... Como ela está?
– Eu preciso mesmo responder essa pergunta? –
Respondi com outra pergunta, num tom triste e de forma que ela percebesse o que
eu vinha a dizer.
– Já sei o que você vai dizer. – Respondeu, com um
tom triste. – Já esperava por isso.
– Pois é! Mas eu não liguei só pra isso. É que eu
quero falar sobre a Clarinha... sobre o futuro dela.
– Ah... Sim.
– Então eu liguei pra saber se posso passar aí,
amanhã?
– Pode sim. Vai chegar aqui de que horas?
– Acho que a tarde, por volta das 15:30 h.
– Tudo bem. Vou te esperar!
– Ok. Obrigada e Boa tarde!
Fim da Ligação
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