O dia amanheceu muito rápido para mim,
não consegui esquecer o beijo de ontem, Clarice também acordou e perguntou:
–Bom
dia! Dia lindo né?
–Nem
tanto.
–Ué
você acorda e vê uma vista maravilhosa. Isso não é bom demais?
–É
sim. Pior que foi tudo de bom mesmo.
–Foi???
Ô garota do que é que você tá falando?
–Pera aí o que foi que aconteceu?
–O
que?
–Você
ai toda amargurada.
–Nada,
não aconteceu nada.
Clarice não acreditou no que eu
falei por isso passou perto da escrivaninha e derrubou o perfume que eu mais
gostava e falou:
–Opsi,
foi mal.
–O
que?
–Eu
derrubei o seu perfume predileto.
–Ahh...
Chama o serviço de quarto que eles limpam.
–Como
é que é?
–Ô
minha filha eles são pagos pra isso.
–E
o...
–Olha
eu vou tomar banho e depois vou passear um pouco, tá?
–Tá,
até porque nada tá normal hoje.
Clarice ficou toda pasma pelo o que
tinha acabado de acontecer, e para acabar com tudo eu comecei a cantarolar e
ela não parava de me observar.
Depois que entrei no banheiro
demorei uma eternidade pra sair, coisa que era muito rara de acontecer, mas na
verdade nesse tempo todo eu fiquei olhando para o espelho pensando em tudo que
havia acontecido, mas tentei esquecer e só lembrar do que me esperava lá fora.
Quando sai do banho Clarice olhou pra
mim com uma cara de espanto e diz:
–Você
demorou bastante, não acha não?
–Foi?
Eu tava tão distraída que não percebi.
–É,
eu também percebi que você tava distraída, até derramei seu perfume favorito e
você nem ligou.
–O
que? Meu perfume? O que foi que você fez!?
–É
pelo visto o efeito do remédio passou.
–Remédio.
Que remédio? Eu não tomei nenhum. Tomei?
–Claro
que não. –Clarice falou com ironia -Mas o seu remédio não tem bula e se chama
Amor... Ou melhor: Mauro.
Eu não gostei do que tinha ouvido e
não estava afim de discutir com ela então sai batendo a porta e nem me despedi.
De repente me encontrei com a cobra
da Lili e, eu já sabia que ela iria soltar alguma piada sem graça, então ela
começou:
–Oi
amiguinha do Mauro. –disse Lili com uma voz de ironia e provavelmente lembrando
do que havia acontecido no dia anterior.
–Olha
garota não vem soltar essas piadas sem graças não que eu já perdi minha
paciência de hoje. Só em pensar que vou ter que te ver todos os dias chega dá
nojo.
E quanto mais eu falava ela soltava
graça e a minha paciência cada vez mais diminuía Comecei a sentir uma raiva
começando a crescer dentro de mim e quando me dei conta já tinha avançado na
Lili.
Depois de alguns minutos chega
Ricardo e Mauro e nos separa. Ricardo sem entender pergunta:
–Por
que toda essa briga garotas?
–Essa
cobra ai que perdeu a noção do perigo e veio soltar graça. –Respondi com muita,
mais muita raiva.
–Não
eu não tenho culpa. –Disse Lili tentando se defender.
–Não
tem culpa. Tá bom eu bem não te conheço. Hum. –Disse Mauro.
–É
né pela primeira vez você falou alguma coisa que preste. –Falei.
–Tá,
mas vamos sair daqui por que todo mundo tá olhando pra gente. –Falou Mauro com
um tom mais baixo que o normal.
Sai com Ricardo e Mauro foi com Lili
para a direção contraria levando-a para seu quarto. Eu e Ricardo viramos à
direita e chegamos no jardim, ficamos andando e ninguém falava nada quando Ricardo
começa:
–Por
que aquela briga toda? Por que todo esse silêncio seu?
–Você
quer mesmo que eu te conte? –Respondi com outra pergunta e abaixei a cabeça.
–Sim,
sim. Você sabe que apesar de ser ‘garoto’ sou seu amigo pode dividir essas
coisas comigo.
–Tá
bom. É que... Faz alguns dias que eu e Clarice notamos que...
–Que
o que?
–Que...
Na verdade foi só Clarice. Ela falou que eu amo o Mauro, que eu amo não, que eu
também sou apaixonada por ele.
–Sei.
E isso te deixou confusa, não foi? –Nesse momento eu não falei nada, apenas
balancei a cabeça concordando. Ele olhou para mim e me abraçou, neste momento
senti uma lágrima rolar meu rosto.
–Isso
me deixa confusa e dói, dói muito.
–É,
dá pra imaginar.
–Mas
eu não quero mais ficar aqui.
Tá
bom, vou te levar pro seu quarto.
Chegando no corredor, já em frente a
porta do quarto ele disse:
–Está
entregue. –Ele abriu a porta, deu um beijo em minha testa e soltou um beijo pra
Clarice, que estava sentada em uma das cama, e ela retribui. E ele se despede
voltando pro jardim.
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