A Lili veio falar com a gente, com aquele
jeito chato de ser e isso me irritava...
–Oi
gente pobre. -disse Lili nos olhando de cima à baixo.
–Oi
Lili. –disse Clarisse. –Fala logo com ela Elisa. Clarisse cochichou no meu
ouvido.
–Tá
louca eu que não falo com essa metida.
–Tá
trabalhando como auxiliar de jardinagem é Elisa? –perguntou Lili com tom de
deboche.
–Como
é que é? –Perguntou Lili.
–É
isso mesmo, e se a gente é pobre, esse hotel deve estar meio cafona pra você
né? Como você veio parar aqui? Faliu foi? –Peguntei.
Lili saiu dali com a cara no chão
arrasada mas eu adorei ver a cara daquela bruxa de filme animado pagar aquele
mico. Nós subimos para o quarto e esperei a Clarice terminar de tomar banho e
fiquei conversando com ela:
–Adorei
você dando fora naquela cobra lá em baixo. –Falei.
–Aquilo
não foi nada.
–Você
sabe atacar quando quer.
–Sei???
–Sabe
sim.
–Então
se eu mandei bem foi por causa de você.
–Ham?
–Convivência.
–Eu
sou assim é?
–Claro,
principalmente com o coitado do Mauro.
–Mas
com ele é diferente eu implico com ele porque...
–Por
que o que? Termina.
–Por
que nada, eu não falei ‘por que’.
–Por
que GOSTA DELE.
–Tá
louca garota?
–Não estou não, toda essa raivinha ai que você sente por ele, realmente, lá no fundo é
amor.
–Só
se for no fundo no fundo mesmo, é tão no fundo que eu nem sinto nada.
–Só
você que não ver né?
–Perai
quem mais sabe disso?
–Tá
vendo você concordou.
–Não,
não concordei. Mas você vai dizer ou não se falou pra alguém?
–Não
falo mais nada.
–Ô
garota ou você fala agora ou... eu vou te obrigar a falar.
–Só
se você conseguir me pegar né?
Naquela hora corremos todo o quarto e
Clarice se trancou no banheiro, então parei de correr e me sentei na cama.
Fiquei pensando no que ela disse, eu estranhei quando eu comecei a pensar nas
coisas que já havia vivido com Mauro e fiquei confusa, mas logo Clarice saiu do
banheiro e eu fui tomar o meu banho.
Depois do banho fomos almoçar, lá
encontramos a Lili que mal olhava para a gente, quando de repente aparece na
porta da frente do hotel Mauro, e a Lili corre e vai falar com ele.
–Oi
amore tudo bom com você ? –Gritou Lili.
–Tudo.
–Respondeu ele constrangido pela anarquia da Lili.
Ela o chamou para se sentar. Eu fiquei
com raiva por ele não ter falado com a gente, e acabei falando besteira:
–Já
vai ela se jogando pra cima dele.
–Tá
com ciúmes é?
–Que
ciúmes garota eu tenho mais o fazer. –Disse isso batendo na mesa e correndo
para o jardim.
Mauro vendo isso foi na mesa onde estava
Clarice e perguntou:
–Porque
ela saiu assim desse jeito?
–Tem
certeza que você não sabe?
–É
o que eu to pensando?
–Não
sei o que você está pensando mas pode ser.
Depois
daquilo ele saiu correndo até o jardim e me encontrou chorando e perguntou :
–Você
tá bem?
–O
que você acha?
–Que
você gosta de mim e não quer dizer.
–Como
é que é?
–É
isso mesmo.
–Tá
se achando né?
–Nem
tô.
–E
tá o que então?
–Louco
pra te dar um beijo.
Nos olhamos atentamente, olhos nos olhos e
fomos nos aproximando cada vez mais e sem querer acabei sedendo o beijo que no
fundo no fundo eu tanto queria, que talvez estivesse esperando por tanto tempo
e não tinha me dado conta. Depois disso sai correndo do jardim e fui em direção
ao meu quarto no hotel, quando escutei um grito:
–Ei,
eu te amo tá?
Nenhum comentário:
Postar um comentário