1º Capítulo - "Férias de Verão"

            Bem, o conto a seguir fala de uma história que aconteceu comigo a um tempinho atrás, lá na minha adolescência, quando tinha uns 16 anos...

–Ô Elisa, acorda, acorda! Deixa de ser preguiçosa. –Berrava Clarice.

–Só mais uns cinco minutinhos. –Respondi morrendo de sono.

–Levanta logo! Tenho uma ótima notícia pra te dar.

–Vai fala. –Esperei a resposta com uma cara de desânimo.

–Nossos pais nos deixaram ir... Nossos pais nos deixaram ir...

–Ir pra onde? –Perguntei com um tom de raiva, mas com um pouco de curiosidade.

–Pra... Pra... Pra ilha de Marajó. –Falou com um sorriso de orelha a orelha, abrindo os braços e me abraçando.

            Começamos a pular em cima da cama, fazendo a maior zona, jogando os travesseiros e os lençóis pra tudo que é lado. Bob veio correndo agarrar as nossas pernas, latindo euforicamente e eu gritei:

–Sai Bob, tá me mordendo, sai, sai...

            A mamãe entrou no quarto ao escutar a barulheira que fizemos, quase nos devorou com os olhos e só fez apontar pro banheiro com uma raiva, que eu mudei de cor na mesma hora e saí correndo para o banho.

            Depois que estávamos prontas e já havíamos tomado o café da manhã pegamos nossos materiais e saímos a caminho da escola. No meio do caminho encontramos Ricardo e seu irmão Mauro, que é nosso conhecido desde infância. O Mauro não ia com a minha cara, nem eu morria de amores por ele, mas fazer o que? Além de morarmos na mesma rua, ele era muito amigo da minha irmã e estudamos na mesma sala. Blééé!

–Oi Elisa. Oi Clarice. –Falou Mauro dando um beijo na bochecha de Clarice e me ignorando. –Vocês vão pra escola agora?

–Não, imagina, agente está com o uniforme da escola e todos os materiais. Mas não, a gente não vai. –Respondi com tom de ironia e raiva.

–Tá, tá bom. –Disse Clarice. –Não precisa ser ignorante, ele só quis puxar conversa.

–Tá de T.P.M é? –Perguntou Mauro me irritando mais ainda.

–Não, não tô. Só não tenho tempo nem paciência pra pergunta besta. –Respondi deixando Mauro sem reação.

            Quando Clarice percebeu o que estava acontecendo, que uma grande briga estava pra acontecer, se intrometeu dizendo:

–Tá bom, vamos parar com essa briguinha idiota por que se não, a gente vai se atrasar pra aula.